Hope imagina o corpo nu de Kathryn – a curva que lhe traça a anca e transforma
em coxa, os seios de mamilos rosados, flutuando-lhe sobre as costelas,
o triângulo púbico de puro e negro marfim e oleoso como numa tela de Corot –
e tudo isto num instante, mas logo renuncia à imagem: é próprio da criatura.
Hope sempre tivera consciência de que fora a sua susceptibilidade à beleza que
a mantivera como artista de segunda. Os grandes ultrapassam a beleza, depois
desdenham-na como os santos do deserto desdenhavam as visões de
concupiscência e comodidade: o mundo como recompensa do Demónio.

(John Updike)